O carro não é mais um território exclusivo dos homens, embora a mulher no volante ainda não seja maioria no país. Porém, nos últimos anos, o número de mulheres habilitadas para dirigir tem crescido.
Cada vez mais, elas estão conquistando seu espaço nas ruas e nas estradas, além de estarem se tornando independentes e bem-sucedidas em suas vidas pessoais e profissionais.
Mas por que ainda existe preconceito em relação à mulher no volante? Será que existe algum fundamento para isso? Deixando de lado velhos estereótipos, as mulheres têm mostrado que são capazes de dominar bem o veículo. Inclusive, pesquisas sugerem que elas se envolvem menos em acidentes de trânsito em comparação aos homens.
As mulheres são mais cuidadosas e atentas no trânsito. Elas são menos propensas a cometer infrações, como excesso de velocidade e embriaguez ao dirigir. Para saber mais, continue a leitura!
Bertha Benz: a primeira mulher no volante
Bertha Benz foi uma pioneira alemã do automóvel. Ela foi a primeira mulher no volante, em especial a primeira a dirigir um carro em uma longa distância, quando se deslocou em um Motorwagen Modelo III de seu marido, Karl Benz, de Mannheim a Pforzheim. Isso foi na Alemanha, em 5 de agosto de 1888.
Bertha era uma mulher determinada. Ela foi uma das poucas mulheres da época a receber educação superior. Além disso, teve a ideia de dirigir o carro de Mannheim e Pforzheim, para visitar a mãe, a uma distância de cerca de 104 quilômetros.
Ela estava acompanhada dos filhos e enfrentou uma série de desafios ao longo do caminho, incluindo avarias no carro, no freio e falta de combustível. Os freios de madeira se desgastaram e ela teve a ideia de ir a um sapateiro para colocar solas de couro, que serviram como pastilhas de freio.
Apesar dos contratempos, Bertha conseguiu completar a viagem em cerca de 12 horas. O veículo se movia a 12 km/h. A viagem de Bertha Benz foi um marco na história do automóvel e demonstrou que as mulheres eram capazes de dirigir carros.
Cenário atual da mulher no volante
Segundo dados do Detran, a porcentagem de mulheres habilitadas a dirigir, ou seja, as que têm CNH (Carteira Nacional de Habilitação) é de 35%, o que corresponde a cerca de 26 milhões de motoristas mulheres brasileiras.
Por sua vez, apenas 9% dos acidentes fatais são causados por pessoas do sexo feminino, dados esses de 2020. São Paulo é o estado com mais mulheres dirigindo, totalizando 8,8 milhões de pessoas.
Já no Distrito Federal, por exemplo, as mulheres representam 40% da população de motoristas. A faixa etária com maior quantidade de mulheres com habilitação é de 31 a 40 anos no Brasil.
O aumento da participação das mulheres ao longo do tempo no trânsito é resultado de uma série de fatores, incluindo a maior escolaridade, a entrada delas no mercado de trabalho e a mudança de valores sociais, que vêm tornando a mulher mais independente e autônoma.
O cenário atual das mulheres no volante é um sinal de progresso para a igualdade de gênero. As mulheres estão conquistando seu espaço no trânsito e tornando-se motoristas mais seguras e conscientes.
No entanto, quando falamos de veículos grandes, a mulher no volante corresponde a menos de 5% dos motoristas, segundo a Senatran (Secretaria Nacional do Trânsito). Isso inclui caminhões, ônibus e carretas.
Quanto ao trabalho em aplicativos de transporte, como o Uber, no Brasil são 1,6 milhão de pessoas cadastradas, de acordo com o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec). Porém, apenas 5% são mulheres.
Desmistificando o preconceito com as mulheres no volante
Entenda os mitos e preconceitos sobre mulher dirigindo carro e descubra como elas são estigmatizadas. A igualdade de gênero no cumprimento das leis de trânsito é um assunto complexo e influenciado por diversos fatores.
Mulheres evitam misturar bebida e volante
Todos sabem que dirigir embriagado é perigoso e pode resultar em acidentes graves e até mesmo fatais. As leis de trânsito em muitos países, inclusive no Brasil, estabelecem limites legais para o consumo de álcool antes de dirigir.
As mulheres são mais propensas a evitar dirigir depois de beber álcool do que os homens, segundo pesquisa da USP (Universidade de São Paulo).
Porém, a decisão de evitar dirigir após consumir bebidas alcoólicas é uma escolha individual e não está necessariamente diretamente relacionada ao gênero. Existem muitos homens responsáveis que também evitam dirigir sob a influência do álcool.
Mulheres são mais prudentes
Pesquisas também mostram que as mulheres são mais prudentes ao dirigir do que os homens. Elas são mais propensas a respeitar as regras de trânsito, como usar o cinto de segurança, seguir a sinalização e dirigir dentro do limite de velocidade.
Assim, as mulheres tendem a ser mais sensíveis aos riscos do que os homens. Elas são mais centradas ao avaliar as situações de trânsito e tomar decisões mais seguras em resposta a esses riscos.
Mulheres dirigem devagar
A mulher no volante tende a dirigir mais devagar do que os homens. Isso pode ser um fator de segurança, pois reduz o risco de acidentes.
Estudos apontam que “apenas 7,3% dos condutores que morreram em decorrência de acidentes de trânsito no Estado de São Paulo são do sexo feminino”. É o que constata o levantamento do Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo (Infosiga – SP).
Dirigir em velocidades mais baixas permite que você tenha um melhor controle sobre o carro. Isso é especialmente importante em condições adversas, como chuva ou estradas escorregadias. A velocidade reduzida ajuda a evitar a perda de controle do carro.
Mulheres recebem menos multas
Mulheres também recebem menos multas de trânsito do que os homens. Isso pode ser um reflexo de que elas são mais prudentes ao dirigir e que respeitam mais as regras de trânsito.
Dados do aplicativo Zul+, da Estapar, relatam que as multas pagas pelo app abrangem 79% de homens, número muito maior que os 21% de mulheres.
Além disso, alguns estudos sugerem que os homens têm uma maior propensão a assumir riscos ao volante, como excesso de velocidade ou manobras perigosas. Essa diferença de comportamento pode levar a uma maior incidência de multas entre os homens.
Por que existe o preconceito contra mulher no volante?
O preconceito contra mulheres no trânsito é um reflexo de estereótipos de gênero e desigualdades sociais que persistem na sociedade. Embora seja importante ressaltar que nem todas as mulheres enfrentam esse preconceito, é inegável que existem situações em que mulheres são alvo de discriminação e tratadas de forma injusta no trânsito.
Uma das razões para esse preconceito é a percepção equivocada de que as mulheres são “medrosas” ou menos hábeis. Essa constatação pode levar a tratamentos diferenciados, até mesmo com piadas e comentários desdenhosos.
Além disso, o machismo e a cultura patriarcal ainda estão presentes em muitas sociedades, incluindo o Brasil, o que pode levar a uma desvalorização das habilidades das mulheres no volante.
Essa desvalorização pode se manifestar de diferentes formas, como a crença de que as mulheres são menos confiantes ao dirigir e que isso é sinônimo de “dirigir mal”. Além disso, as mulheres são minoria no trânsito. Essa falta de representatividade contribui para a perpetuação dos estereótipos negativos sobre as mulheres motoristas.
Mulheres no automobilismo
Segundo pesquisa realizada pela analista belga Candice Bouzendorff, 17,9% dos entrevistados não conhecem nenhuma mulher pilota de automobilismo. O estudo constatou ainda que 29,6% dos entrevistados nem sabiam se as mulheres trabalhavam no automobilismo.
O automobilismo tem sido historicamente dominado por homens. Mas, ao longo dos anos, as mulheres têm conquistado seu espaço. Várias mulheres notáveis fizeram história neste tipo de esporte, tanto no Brasil quanto no mundo. Confira alguns exemplos:
- Maria Teresa de Filippis: foi a primeira mulher a competir na Fórmula 1, em 1958, e vice-campeã no campeonato italiano. Porém, um ano depois ela teve uma filha e deixou o esporte.
- Ana Beatriz Caselato Gomes de Figueiredo: foi a primeira mulher brasileira a vencer a Fórmula Indy na categoria Indy Lights. É uma grande referência para as mulheres no automobilismo.
- Danica Patrick: conquistou a primeira vitória de uma mulher na Fórmula Indy, tendo começado aos 23 anos na competição.
- Lella Lombardi: a primeira mulher a pontuar na Fórmula 1.
- Jutta Kleinschmidt: única mulher campeã do Rally Dakar.
As mulheres estão conquistando lugares no automobilismo, apesar dos desafios que ainda enfrentam. O preconceito e a falta de oportunidades são alguns dos obstáculos que pessoas do sexo feminio precisam superar para se destacarem na modalidade.
No entanto, existem diversas associações e iniciativas que trabalham para promover a participação das mulheres na modalidade.
Algumas dessas iniciativas são:
- Women’s Sports Foundation: é uma organização americana que trabalha para promover a participação das mulheres no esporte, incluindo o automobilismo.
- Women in Motorsports: outra organização internacional que trabalha para promover a participação das mulheres no automobilismo.
- W Series: É uma categoria de automobilismo feminino que foi criada em 2019.
Essas iniciativas estão contribuindo para a mudança do cenário desse esporte, tornando-o mais inclusivo e representativo.
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