Inspeção veicular 2026: o que muda em Santa Catarina e como se preparar

Ouve-se muito sobre a volta da inspeção veicular obrigatória no Brasil. De tempos em tempos, o assunto ressurge, gerando dúvidas e expectativas nos motoristas. Recentemente, conversas sobre uma possível implementação em Santa Catarina a partir de 2026 ganharam força. Mas, afinal, o que há de concreto nisso? O que realmente mudaria para os proprietários de veículos no estado?

Mais do que apenas uma obrigação legal, a inspeção de segurança veicular é uma ferramenta crucial para garantir frotas mais seguras e menos poluentes. Entender como ela funciona, o que é avaliado e como se preparar não é apenas uma forma de evitar multas futuras, mas um passo inteligente para garantir a sua segurança, a de sua família e a valorização do seu patrimônio.

Neste guia completo, vamos desvendar o cenário atual da legislação, detalhar os pontos que seriam avaliados em uma eventual inspeção e mostrar como a manutenção preventiva pode não só garantir uma aprovação tranquila, mas também impactar positivamente o valor de revenda do seu carro.

Afinal, a inspeção veicular será obrigatória em Santa Catarina?

Esta é a pergunta mais importante e, para respondê-la, precisamos de clareza. Atualmente, apesar dos rumores, não há uma confirmação legal de que a inspeção veicular periódica para todos os veículos será obrigatória em Santa Catarina a partir de 2026. A situação legislativa é mais complexa e vale a pena ser compreendida.

Primeiro, é fundamental diferenciar a inspeção da vistoria. A vistoria, que muitos catarinenses já conhecem, é exigida em processos de transferência de propriedade, mudança de município ou alteração de características do veículo. Ela verifica principalmente a autenticidade dos documentos, do chassi e dos itens de identificação.

A inspeção veicular, por sua vez, é um procedimento muito mais aprofundado, focado em avaliar as condições de segurança e os níveis de emissão de poluentes e ruídos do veículo. Ela está prevista no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) desde 1997 como um requisito para o licenciamento anual. Contudo, para ser aplicada em todo o país, ela depende de uma regulamentação do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN).

Em 2017, a Resolução CONTRAN nº 716 tentou estabelecer um cronograma para que todos os estados implementassem o programa. No entanto, em 2018, esta resolução foi suspensa por tempo indeterminado pela Deliberação nº 170. O motivo foi a necessidade de reavaliar e aprimorar os requisitos técnicos antes de torná-la uma exigência nacional.

Portanto, o cenário hoje é de espera. A exigência continua no CTB, e o tema pode ser reativado a qualquer momento pelo governo federal. O que se discute sobre 2026 é, por enquanto, uma especulação baseada em debates sobre a necessidade de retomar o programa. A mensagem principal é: embora não seja uma certeza, a tendência é que a inspeção seja implementada no futuro. Estar preparado é a decisão mais inteligente.

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O que seria avaliado em uma inspeção veicular?

Se a inspeção técnica fosse implementada amanhã, o seu carro estaria pronto? O objetivo do procedimento é realizar um check-up completo, garantindo que o veículo atende aos padrões mínimos de segurança e ambientais. Com base nas diretrizes que já foram propostas pelo CONTRAN, os principais grupos de itens avaliados seriam:

1. Sistemas de segurança ativa e passiva 

Este é o coração da inspeção. Aqui, os técnicos avaliam todos os componentes que garantem o controle e a proteção do veículo e de seus ocupantes.

  • Freios: a avaliação inclui a eficiência do freio de serviço (o pedal) e do freio de estacionamento. É verificado se há desequilíbrio na frenagem entre as rodas, o que poderia causar a perda de controle do veículo em uma emergência.
  • Suspensão e eixos: amortecedores, molas, pivôs e terminais são inspecionados para garantir a estabilidade do carro, sua capacidade de absorver impactos e manter o contato adequado dos pneus com o solo.
  • Direção: são verificadas folgas no sistema de direção, que podem comprometer a resposta do volante e a precisão das manobras.
  • Pneus e rodas: a avaliação foca na profundidade dos sulcos dos pneus, que devem estar acima do limite legal (indicador TWI) para garantir a aderência, especialmente em pista molhada. Também são observados o estado geral dos pneus (sem bolhas ou rasgos) e a fixação das rodas.

2. Sistema de iluminação e sinalização 

Ver e ser visto é uma regra de ouro no trânsito. Por isso, todos os componentes de iluminação são rigorosamente checados. Isso inclui o funcionamento de faróis altos e baixos, lanternas, luzes de freio, piscas (setas), luz de ré e luz de placa. 

O alinhamento dos faróis também é medido para garantir que iluminem a via corretamente sem ofuscar a visão de outros motoristas.

3. Emissão de poluentes e ruídos 

Este é um dos pilares da inspeção veicular moderna. Com equipamentos específicos, mede-se a quantidade de gases poluentes (como monóxido de carbono e hidrocarbonetos) liberada pelo escapamento. 

Os níveis devem estar de acordo com as normas estabelecidas pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). O nível de ruído produzido pelo motor e escapamento também é medido para verificar se está dentro dos limites permitidos, combatendo a poluição sonora.

4. Equipamentos obrigatórios e estrutura 

Por fim, há uma verificação dos itens exigidos por lei e da integridade estrutural do carro. São checados o funcionamento dos cintos de segurança, a presença e validade do extintor de incêndio (quando aplicável), triângulo de sinalização, macaco e chave de roda. 

A estrutura geral do veículo, como chassi e carroceria, também passa por uma análise visual em busca de corrosão avançada ou danos que possam comprometer a segurança estrutural.

Como preparar seu carro e evitar surpresas

Ver a lista acima pode parecer intimidador, mas a verdade é que um carro com a manutenção em dia tem enormes chances de ser aprovado sem qualquer problema. A preparação para uma eventual inspeção veicular se resume a uma rotina de cuidados que todo proprietário já deveria ter.

Os principais motivos de reprovação costumam ser problemas simples, que podem ser facilmente evitados. Comece por estes pontos:

  • Faça um check-up dos pneus: verifique regularmente a calibragem e o estado de conservação. Localize o indicador TWI (um pequeno ressalto de borracha no fundo dos sulcos) e certifique-se de que a banda de rodagem não atingiu esse nível. Pneus “carecas” são reprovação certa.
  • Teste todas as luzes: uma vez por semana, com o carro parado, teste todas as luzes externas. Peça ajuda a alguém para verificar as luzes de freio e de ré. Lâmpadas queimadas são baratas e fáceis de trocar, e são um dos campeões de reprovação.
  • Fique atento a ruídos e comportamento estranho: barulhos ao frear, volante “puxando” para um lado ou instabilidade em curvas são sinais de alerta para problemas nos freios, suspensão ou direção. Não ignore esses sintomas. Agende uma revisão com seu mecânico de confiança.
  • Mantenha o motor regulado: a melhor forma de controlar a emissão de gases é manter a manutenção do motor em dia. Respeite os prazos para a troca de óleo, filtros de ar e de combustível e velas de ignição. Um motor bem regulado não só polui menos como também consome menos combustível.

Realizar manutenções preventivas em uma oficina de confiança é a chave. Isso não apenas prepara o carro para uma futura inspeção, mas garante sua segurança e economiza dinheiro, evitando que pequenos problemas se transformem em reparos caros.

Inspeção veicular e o valor de revenda: um investimento inteligente

Muitos encaram a inspeção como um custo, mas ela pode ser um excelente investimento, especialmente na hora de vender o veículo. O mercado de seminovos e usados é baseado em confiança. Um comprador sempre terá receio sobre o real estado de conservação do carro que está adquirindo.

Imagine poder apresentar um laudo técnico recente, atestando que todos os sistemas de segurança, freios, suspensão e emissões do seu carro estão em perfeitas condições. Esse documento funciona como um selo de qualidade, uma prova irrefutável de que o veículo é bem cuidado. Isso gera um enorme diferencial competitivo:

  • Aumenta a confiança do comprador: o laudo elimina dúvidas e inseguranças, tornando a decisão de compra muito mais fácil e rápida.
  • Justifica um preço melhor: um carro com a saúde comprovada tem mais valor agregado. Você terá argumentos sólidos para justificar seu preço e negociar menos.
  • Acelera a venda: um veículo que transmite segurança e transparência tende a permanecer menos tempo no mercado.

Mesmo que a inspeção não seja obrigatória, realizar um check-up completo antes de anunciar o carro e apresentar os comprovantes de manutenção é uma estratégia de venda poderosa.

O custo de uma revisão completa é mínimo perto do retorno que ela pode trazer, seja na forma de um preço de venda mais alto ou de uma negociação mais ágil. E caso a inspeção se torne obrigatória, não realizá-la resultará em multa. A penalidade prevista no CTB é de R$ 195,23, considerada uma infração grave com cinco pontos na CNH.

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O futuro é da prevenção

Embora a obrigatoriedade da inspeção veicular em Santa Catarina permaneça indefinida, uma coisa é certa: a discussão sobre segurança veicular e controle de emissões só tende a crescer. Independentemente de prazos e leis, a maior beneficiada por um veículo bem cuidado é sempre a pessoa que o dirige.

Adotar uma cultura de manutenção preventiva não é pensar no futuro inspetor do DETRAN, mas sim na sua segurança hoje. É garantir que os freios funcionarão em uma emergência, que o carro terá estabilidade na chuva e que você está contribuindo para um ar mais limpo. E, de quebra, você ainda valoriza seu patrimônio. Manter o carro em dia é a preparação mais inteligente e eficaz que existe.Gostou deste conteúdo? Continue acompanhando o blog da RB Motors para mais dicas e novidades do mundo automotivo e mantenha-se sempre um passo à frente